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Se conversarmos sobre nossos dogmas, paradigmas e outras "verdades", poderemos juntos aumentar nosso alcance de visão e passaremos a enxergar um pouco além da ponta de nossos narizes, ou não.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Quem me dera ao menos uma vez...


               Dia desses passei algumas horas do dia assistindo na MTV a programas que lembraram a carreira da Legião Urbana, pois faz quinze anos que Renato Russo faleceu.
                Eu cresci escutando a Legião. Sou fã das letras de Renato Russo. Logicamente, que tudo isso me levou a um sentimento de nostalgia, diga-se de passagem, a um bom sentimento de nostalgia.
                Lembrei-me de muitos dos meus amigos e tive muitas saudades deles, especialmente de um, o Marcação. O nome dele era Marco Antonio, e recebeu esse apelido, porque às vezes ele tinha atitudes, das mais variadas e possíveis, e principalmente as relativas às escolhas de suas namoradas, que eram impossíveis de serem explicadas.
                Dos muitos grandes amigos que tive na adolescência ele foi meu Grande Amigo e ainda que no final da adolescência, por decorrência de nossos excessos de álcool, tenhamos nos separado, não consigo ter nenhum sentimento hostil quando me lembro de meu irmão Marcação.
                Passamos por todas as loucas ideias da adolescência juntos. Loucas ideias, porque depois que saímos da fase da adolescência e passamos para a fase adulta achamos que ser amigos para sempre é impossível. Mas, vamos a algumas dessas ideias, que bem poderíamos resgatar algumas:
·         Amigos para sempre: quando somos adolescentes, acreditamos que nossas amizades vão durar para sempre e que nenhum conflito da vida será capaz de desfazer algo tão “solidamente” construído;
·         Vamos compartilhar tudo: quando somos adolescentes, emprestamos roupas uns dos outros, fazemos “vaquinha” para pagar a parte da viagem que um dos irmãos não tem condições de pagar, colocamos oito ou nove pessoas dentro de um fusca, somos amigos dos nossos amigos e inimigos dos inimigos dos nossos amigos, terminamos um namoro só porque a prima de nossa namorada não quer dar bola para nosso amigo, etc.;
·         Nossos responsáveis não nos compreendem: quando somos adolescentes, temos certeza absoluta que nossos pais ou responsáveis não sabem nada e a única ocupação que eles têm em suas vidas é a de atrapalhar nossa escalada rumo ao topo da mais alta montanha, lugar esse em que temos certeza que vamos encontrar a felicidade;
·         Quanto mais gente melhor: quando somos adolescentes, evento legal não é algo intimista e reservado. Festas, shows, viagens legais são aquelas em que num lugar em que cabem dez pessoas, colocamos cem;
·         Basta estar juntos: quando somos adolescentes, um momento para ser especial não depende de grana e lugar, depende apenas de se estar juntos;
·         Nada é impossível: quando somos adolescentes, nada, simplesmente nada, é impossível;
·         A distancia não acaba com as amizades: quando somos adolescentes, as distâncias, por maiores que sejam, não têm poder de acabar com as amizades;
·         Mínimas coisas tão tragédias: quando somos adolescentes, coisas mínimas, tais como não poder ir a uma festa, são motivo para declarar guerras eternas contra os adultos;
·         Só um adolescente entende outro adolescente: os adultos para satirizar os adolescentes costumam dizer: “Já vai dizer, ninguém me entende”. Óbvio que quando falamos isso nos esquecemos totalmente da nossa adolescência, pois quando somos adolescentes sabemos exatamente qual é a única pessoa capaz de entender um adolescente: outro adolescente.
                Chega por hoje. Você que está lendo esse texto pode dizer que me esqueci do primeiro beijo, da primeira namorada, do primeiro salário, do primeiro crediário, da primeira roupa de marca, do primeiro show, da primeira viagem. Não me esqueci não, e fico feliz se você acha que me esqueci, pois se fez isso é porque se lembrou que um dia também foi adolescente.
                Não tenho vontade de voltar a ser adolescente, até porque gosto de minha vida de adulto e de tudo que tenho conquistado nela. O que quero é propor algo para você que está lendo essas linhas e também se lembrou de sua adolescência: Que tal se nos uníssemos e ajudássemos nossos adolescentes e crianças a ter uma vida melhor ao invés de ficarmos dizendo que eles não passam de uma juventude perdida, sem respeito por ninguém e futuros bandidos?
               Escuto muitas pessoas falando que os jovens de hoje não têm Deus no coração. Bem, se achamos que temos Deus no coração, a ponto de sabermos quem também tem, deveríamos compartilhar esse amor que habita em nós com aqueles que supostamente afirmamos que não conhecem. Vocês não acham?

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