Dia desses passei algumas horas
do dia assistindo na MTV a programas que lembraram a carreira da Legião Urbana,
pois faz quinze anos que Renato Russo faleceu.
Eu
cresci escutando a Legião. Sou fã das letras de Renato Russo. Logicamente, que
tudo isso me levou a um sentimento de nostalgia, diga-se de passagem, a um bom
sentimento de nostalgia.
Lembrei-me
de muitos dos meus amigos e tive muitas saudades deles, especialmente de um, o
Marcação. O nome dele era Marco Antonio, e recebeu esse apelido, porque às
vezes ele tinha atitudes, das mais variadas e possíveis, e principalmente as
relativas às escolhas de suas namoradas, que eram impossíveis de serem
explicadas.
Dos
muitos grandes amigos que tive na adolescência ele foi meu Grande Amigo e ainda
que no final da adolescência, por decorrência de nossos excessos de álcool,
tenhamos nos separado, não consigo ter nenhum sentimento hostil quando me
lembro de meu irmão Marcação.
Passamos
por todas as loucas ideias da adolescência juntos. Loucas ideias, porque depois
que saímos da fase da adolescência e passamos para a fase adulta achamos que
ser amigos para sempre é impossível. Mas, vamos a algumas dessas ideias, que
bem poderíamos resgatar algumas:
·
Amigos
para sempre: quando somos adolescentes, acreditamos que nossas amizades vão
durar para sempre e que nenhum conflito da vida será capaz de desfazer algo tão
“solidamente” construído;
·
Vamos
compartilhar tudo: quando somos adolescentes, emprestamos roupas uns dos
outros, fazemos “vaquinha” para pagar a parte da viagem que um dos irmãos não
tem condições de pagar, colocamos oito ou nove pessoas dentro de um fusca,
somos amigos dos nossos amigos e inimigos dos inimigos dos nossos amigos,
terminamos um namoro só porque a prima de nossa namorada não quer dar bola para
nosso amigo, etc.;
·
Nossos
responsáveis não nos compreendem: quando somos adolescentes, temos certeza
absoluta que nossos pais ou responsáveis não sabem nada e a única ocupação que
eles têm em suas vidas é a de atrapalhar nossa escalada rumo ao topo da mais
alta montanha, lugar esse em que temos certeza que vamos encontrar a
felicidade;
·
Quanto
mais gente melhor: quando somos adolescentes, evento legal não é algo
intimista e reservado. Festas, shows, viagens legais são aquelas em que num
lugar em que cabem dez pessoas, colocamos cem;
·
Basta
estar juntos: quando somos adolescentes, um momento para ser especial não
depende de grana e lugar, depende apenas de se estar juntos;
·
Nada é
impossível: quando somos adolescentes, nada, simplesmente nada, é
impossível;
·
A
distancia não acaba com as amizades: quando somos adolescentes, as
distâncias, por maiores que sejam, não têm poder de acabar com as amizades;
·
Mínimas
coisas tão tragédias: quando somos adolescentes, coisas mínimas, tais como
não poder ir a uma festa, são motivo para declarar guerras eternas contra os
adultos;
·
Só um
adolescente entende outro adolescente: os adultos para satirizar os
adolescentes costumam dizer: “Já vai dizer, ninguém me entende”. Óbvio que
quando falamos isso nos esquecemos totalmente da nossa adolescência, pois
quando somos adolescentes sabemos exatamente qual é a única pessoa capaz de
entender um adolescente: outro adolescente.
Chega
por hoje. Você que está lendo esse texto pode dizer que me esqueci do primeiro
beijo, da primeira namorada, do primeiro salário, do primeiro crediário, da
primeira roupa de marca, do primeiro show, da primeira viagem. Não me esqueci
não, e fico feliz se você acha que me esqueci, pois se fez isso é porque se
lembrou que um dia também foi adolescente.
Não
tenho vontade de voltar a ser adolescente, até porque gosto de minha vida de
adulto e de tudo que tenho conquistado nela. O que quero é propor algo para
você que está lendo essas linhas e também se lembrou de sua adolescência: Que
tal se nos uníssemos e ajudássemos nossos adolescentes e crianças a ter uma
vida melhor ao invés de ficarmos dizendo que eles não passam de uma juventude
perdida, sem respeito por ninguém e futuros bandidos?
Escuto
muitas pessoas falando que os jovens de hoje não têm Deus no coração. Bem, se
achamos que temos Deus no coração, a ponto de sabermos quem também tem,
deveríamos compartilhar esse amor que habita em nós com aqueles que
supostamente afirmamos que não conhecem. Vocês não acham?
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