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Quando escrevo algo e publico, sei que me coloco na condição de possível formador de opinião, porém, e quero que isso fique bem claro, tenho plena consciência de que minha opinião é apenas mais uma num universo de bilhões.
Assim, se você puder deixar um comentário sobre os textos que estão postados aqui, será muito interessante.
Se conversarmos sobre nossos dogmas, paradigmas e outras "verdades", poderemos juntos aumentar nosso alcance de visão e passaremos a enxergar um pouco além da ponta de nossos narizes, ou não.

sábado, 12 de novembro de 2011

Malandro é Malandro, Mané é Mané, podes crer que é.


             Cantava o finado Bezerra da Silva que Malandro é Malandro, Mané é Mané. A letra da canção deixa claro quais eram os tipos de comportamentos considerados como malandragem e manelagem (existe? Claro que não), dessa forma ela está estanque e restam apenas duas alternativas: concordar ou não que o malandro ali é realmente malandro e que também o Mané seja realmente um Mané. Se concordar, a discussão termina e vamos para o anedotário. Se discordar, vamos para a reflexão e construção de um ideário de quem seriam os verdadeiros Malandros e quem seriam os verdadeiros Manés.
            É aqui que começa minha história. Um dia alguém, que não me lembro exatamente quem, me perguntou se eu acreditava no poder das palavras. Respondi, aliás, como sempre (e enfadonhamente) insisto em responder, que claro que acreditava e que inclusive conhecia palavras “mágicas”, que são elas: “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “com licença”, “por favor”, “obrigado”, “me desculpe”, “me perdoe”, “pode falar”, etc. O poder dessa palavras, na minha opinião (que fique bem claro, pois como diz Humberto Maturana, “tudo o que é dito, é dito por alguém” e isso é dito por mim), reside no fato de que quando elas são usadas, podem atrair pessoas para nosso rol de boa convivência. Por outro lado quando elas não são proclamadas, sua ausência tem poder de afastar pessoas agradáveis.
            Claro que com tudo isso eu estava dizendo (se não consigo ser rápido e rasteiro com as letras, imagine só com as palavras. Haja prolixidade!) que acredito mesmo é na boa educação, nos bons modos e no bom caráter.
            Porém, durante essa semana, numa conversa casual com um aluno, o malandro (e esse um bom malandro, pois é um ótimo aluno) quase derrubou meu castelo de cartas (você bem sabe que para construir um castelo de cartas é preciso muita concentração e muitas cartas, mas para destruí-lo, basta uma pequena distração e a retirada de apenas uma carta). Perguntei ao aluno se a apatia e falta de bons modos de seus colegas de classe eram comum ou se isso acontecia somente em mina aula. A resposta dele me chocou. Ele disse: “Sabe o que é? É que você é muito educado, você não grita, não xinga, não manda ninguém para a diretoria por qualquer coisa. Com isso a galera acha que pode zoar à vontade, que não pega nada”. Entrei em choque. E olha que meu irmão me diz que sou mais grosso que lixa 20 (coisas de família).
            Meu pecado? Ser educado.
           O feitiço está virando contra o feiticeiro. Agora quando pronuncio as palavras “mágicas” atraio a apatia e o tratamento ofensivo.
            O que entendi daquilo tudo foi que se eu quisesse que eles fizessem as atividades e ouvissem o que eu tinha para dizer, deveria ser mal-educado. Novo provérbio popular: “Quer ser ouvido? Grite, fale mal, ordene, expulse do convívio”.
            Confesso que isso me deixou chateado. Mas resolvi olhar ao redor, no dia-a-dia, nas filas, nos balcões, nos telemarketings.
            O que vi foi o seguinte:
            1 – Numa fila de banco (1h e 30min de espera) você não gosta, mas aguarda sua vez pacientemente e em silêncio. De repente alguém no final da fila começa a gritar e falar mal. Logo aparece um funcionário que o retira da fila e o leva para ser atendido em outro local sem fila. Faz isso para que a pessoa saia logo do banco e não cause tumulto maior. E você? Espere! Quem mandou vir em dia de casa cheia!
            2 – Em uma loja cheia e com fila desorganizada, você espera uma oportunidade para ser atendido tomando empurrões e cotoveladas. Ninguém lhe dá a mínima atenção. Alguém que acabou de chegar, grita que aquilo é uma bagunça. Logo aparece alguém e diz: “Pois não?”. E você? Espere, não está vendo que a loja está uma loucura?
            3 – Telemarketing. Você liga para reclamar. Eles não resolvem o problema e o convencem de que aquilo que você chama de problema é algo perfeitamente normal e que sua reclamação não procede. Você diz: “Ah! Tá bom.”, eles dizem: “Por favor, aguarde da linha para responder nossa pesquisa de satisfação. É muito importante.”. Outro liga (essa confesso que já obrei), xinga até a quarta geração do(a) atendente, do(a) supervisor(a) e diz a frase que faz tocar a sirene: “Pode cancelar!”, alguém vem ao telefone e diz: “Vamos reduzir sua tarifa em 50%”.
            Quer saber de uma coisa? Realmente o feitiço está virando contra o feiticeiro. Hoje as palavras “mágicas” estão quase perdendo seu encanto por completo. Muitas vezes o poder que elas têm é de escrever em sua testa, com letras maiúsculas,  a palavra OTÁRIO.
            Existem até palestras de auto-ajuda (ainda vou escrever sobre essa....................... porcaria) para ensinar que educação é sinal de fraqueza de personalidade. 
            E ai? Quem sou eu? Eu não me vejo como Mané.
            E você? Ou um ou outro é. Podes crer que é.
            E a construção? Pô! Constrói, Mané.

Um comentário:

João Cianelli disse...

Torno a dizer: Guarde essa crônica. Ficou fora do comum!

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