Comentários

Quando escrevo algo e publico, sei que me coloco na condição de possível formador de opinião, porém, e quero que isso fique bem claro, tenho plena consciência de que minha opinião é apenas mais uma num universo de bilhões.
Assim, se você puder deixar um comentário sobre os textos que estão postados aqui, será muito interessante.
Se conversarmos sobre nossos dogmas, paradigmas e outras "verdades", poderemos juntos aumentar nosso alcance de visão e passaremos a enxergar um pouco além da ponta de nossos narizes, ou não.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Quem é Cristo?

A negação de Pedro       /        Lucas 22.31-62


Introdução
            Podemos afirmar que temos total autoconhecimento ou que conhecemos as pessoas que estão à nossa volta de tal forma que nada nem ninguém pode nos surpreender? Ou será que podemos ficar admirados com nossas e demais atitudes? Claro que podemos ter um bom conhecimento, mas, com certeza, não temos o poder de antecipar todos os passos. De forma que tanto para a alegria como para a tristeza muitas surpresas acontecem.

Quem é Pedro? Quanto Pedro se conhecia? Pedro era um covarde?
             Não podemos dizer que Pedro fosse um homem covarde, pois, em nenhuma ocasião, o texto bíblico atribui a ele essa característica. Pelo contrário, o que podemos verificar nele é que era do tipo valente, pois chegou ao ponto de repreender Jesus, para que não falasse de forma que desanimasse os demais discípulos. Em atos 4.20, diante das ameaças do sinédrio, Pedro e João têm a seguinte fala: “Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”. No episódio da prisão de Jesus, João 18.10 diz que quem cortou a orelha do soldado foi Pedro. Assim podemos dizer que dentre as características de Pedro a covardia passava longe dele.
            Muitos hoje dizem: “Eu, no lugar de Pedro, não teria negado Jesus.” Teria feito o que então? O conhecimento que temos hoje, por meio das Escrituras, é um privilégio, e, mesmo assim existe muita confusão sobre a pessoa de Cristo. Assim, temos de ter cuidado antes de atribuir covardia a Pedro, pois a ele, o que podemos atribuir sim, e muitas vezes, é coragem e dureza no trato.
            Mas não dá para negar que Pedro negou a Cristo. Por que teria feito isso?
            Logo ele, que disse que, com Jesus estava pronto até para morrer.
            Na cabeça dele provavelmente passava a seguinte ideia: “Não, eu não fujo.” E veja o que aconteceu. Isso prova que o nosso conhecimento é limitado.

Quanto Cristo conhecia de Pedro
            Por outro lado, quanto Cristo conhecia de Pedro? Ele ia além do discípulo:
·         Sabia que Pedro ainda não era convertido (“quando te converteres”)
·         Sabia que Pedro seria um bom pastor (“fortalece teus irmãos”)
·         Sabia que, naquele momento, ele ainda não estava preparado (“quando”)
·         Sabia que Pedro não estava preparado para o que ia acontecer, tanto assim que ele iria negá-lo.
            Jesus tinha total conhecimento da pessoa de Pedro, pois Cristo vai muito além de nosso entendimento. Não podemos e não conseguimos esconder nada do Senhor.
            No caso de Pedro acredito que ele nem estava tentando esconder algo: o problema era que seu conhecimento acerca do Messias estava baseado no que ele via e ouvia da religião de sua época e essa aguardava um messias guerreiro, ainda que as Escrituras ensinassem que o Cristo não seria assim.
Nós também não fugimos desse tipo de comportamento, muito do nosso conhecimento sobre  o Pai, o Filho e o Espírito Santo é baseado no modismo de nossa época:
·         São teologias de prosperidade;
·         Ênfases em poucos dons;
·         Desvalorização do social;
·         Determinações e ordenanças;
·         Centralizamos em nossa vida o desejo humano ao invés de centralizarmos a vontade de Deus.



Expectativas de Cristo e de Pedro

O que esperava Cristo de Pedro quando disse “Fortalece teus irmãos”? Cristo esperava de Pedro justamente que ele fosse o que foi, que fosse um pilar para os crentes que viriam, que fosse um homem exemplo e conhecedor da sua missão.
Mas, naquele momento, Jesus sabia que Pedro ainda não estava preparado para a função de fortalecedor. Pois ainda não tinha entendido como as coisas deveriam acontecer. Sabendo disso, o Senhor afirma que, antes de amanhecer (galo cante), Pedro o negaria.

O que esperava Pedro de Cristo? Pedro estava muito ligado à questão da luta armada, e não somente ele, mas os outros discípulos também. No versículo 38 eles entendem as palavras de Jesus com um chamado à batalha e dizem ter ali duas espadas. Ou seja, queriam luta corporal, enquanto as palavras de Jesus queriam indicar um novo tempo para suas vidas, tempo de muita dificuldade e perseguição.
Assim, o que Pedro espera é um Messias político-guerreiro, que viria restabelecer o trono de Israel por meio de luta armada, expulsando os romanos de suas terras. E, para isso, ele já no inicio da conversa diz a Cristo que, com ele, iria tanto para a prisão como também para a morte. Mateus e Marcos indicam que os outros discípulos tinham a mesma intenção. Para isso estavam todos dispostos. Pois era  o que esperavam de Cristo.
Assim, podemos também perguntar a nós mesmos: O que eu realmente esperamos de Cristo? Qual é o nosso conhecimento sobre o Senhor? Temos realmente compreendido Sua missão e obra? Temos compreendido  também qual é a missão dos seguidores de Cristo?
Os discípulos só não estavam preparados para o que aconteceria naquela noite. Um Messias que se deixa levar preso, sem nenhuma reação; um Cristo que sabe de sua missão, e que não deve impedi-la.

Não conheço esse homem.
            Vendo Jesus se entregar, Mateus e Marcos dizem que todos fugiram. Lucas e Mateus, dizem que Pedro o seguiu de longe. Marcos diz que, além de Pedro, um outro rapaz, coberto só com um lençol, seguiu o Senhor, mas fugiu. João, diz que, além de Pedro um outro discípulo, o seguiu também.
            Com isso, podemos entender que certamente Pedro o seguia. Mas por que Pedro o seguiu? Talvez por não acreditar que as coisas terminariam daquela forma, e ainda esperar um sinal de Jesus, para que ele pudesse atacar, como já tinha feito com o soldado no momento da prisão.
            Só que nada disso acontece. E as pessoas começam a incomodá-lo, perguntando sobre seu relacionamento com Jesus. No versículo 57 ele diz: “Não o conheço”, acredito que estava em um estado mental tão alterado que nem se lembrou de que Jesus já tinha dito que era exatamente isso que ele faria.
Talvez Pedro tivesse ficado totalmente atormentado com todos aqueles acontecimentos, e estivesse se perguntando: “Onde está o homem que afronta os fariseus? Que quebra a lei do sábado? Que cura os enfermos? Que faz coisas que nenhuma outra pessoa conseguiu fazer?”.
            E talvez todas as vezes que tenha se perguntado porque aquilo estava acontecendo, tinha esperança de que a qualquer momento Jesus declare-se guerra. Mateus 26.74 atribui a Pedro uma resposta muito forte: “Não conheço este homem”. Realmente Pedro não o conhecia. Conhecia apenas o que sua vontade permitia que enxergasse. Conhecia apenas o Jesus que sua crença lhe permitia conhecer. Conhecia apenas o Messias da luta. Não conhecia o Cristo de Isaías 53, aquele que levou todas as nossas enfermidades sobre si e foi massacrado por isso.
Finalmente o galo canta e os olhares de Jesus e de Pedro se cruzam e o discípulo percebe que tudo aquilo era muito mais do que ele poderia suportar. Naquele momento só lhe restou, chorar.
Quanto nós conhecemos de Cristo, ou o quanto nossa crença e expectativas nos permitem conhecê-lo ou esperar dele?
Será que muitas vezes, quando nos encontramos desanimados com Deus, não é porque queremos que Deus seja da forma que gostaríamos que Ele fosse, e não o aceitamos do jeito que Ele realmente é?

Conclusão
            Cristo aceitou ser levado por homens que o viam todo dia, como se fosse um marginal procurado por crimes hediondos. Aceitou toda sorte de humilhações. Dormia, usando pedras como travesseiro. Foi tido como louco por seus parentes. Aceitou ser traído com um beijo, que é símbolo de amizade. Não condenou os discípulos próximos, que iriam deixá-lo e nem sequer iriam aos pés da cruz, com exceção de João. Por que isso? Por mim e por você, por todos nós.
Muitas pessoas infelizmente criam imagens que estão fora da realidade. Fazem isso por confusão ou por ensinamentos errados. Mas a verdade é que isso pode nos trazer grandes tristezas e decepções, pois as expectativas não serão alcançadas.
Cristo nos diz: “Conhecei de mim e sabei que meu jugo é leve.” Que realmente possamos compreender a maravilha de Cristo em nossas vidas do jeito que ele no-la ensinou e não do jeito que decidimos aprender. Que nosso limitado autoconhecimento nos leve à humildade necessária para reconhecer que precisamos aprender mais a cada dia com a orientação do Espírito Santo de Deus.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mediando conflitos

         Estou em fase de preparação de um curso sobre mediação de conflitos. O assunto é vasto e rico. Por isso, não quero fazer aqui uma introdução sobre o tema, nem tão pouco destacar suas linhas de pensamento. Minha intenção é de ater-me a uma característica essencial - pelo menos é o que defendem muitos estudiosos do assunto -, a imparcialidade.
            Antes de explanar o que penso sobre o assunto, quero que você leitor reflita sobre o que pensa sobre a imparcialidade.
            Pergunto: você é imparcial? Se a resposta for não, todos olharão para você com cara de juiz e darão o veredito: “antiético, só busca os próprios interesses”. Se a resposta for sim, todos olharão para você com cara de pais orgulhosos que percebem que os filhos seguem um bom caminho. Seja qual for a resposta, é preciso que haja reflexão. Vamos a ela:
Resposta: “sou parcial”. Esse comportamento é comum a pessoas que acreditam que sabem opinar sobre quase todos os assuntos - 99% das pessoas, que aparecem na pauta do dia - e capitaneados por suas convicções, determinam quem está certo e quem está errado, escolhendo um lado para defender. Parafraseando um personagem da novela Roque Santeiro, se você tem menos de trinta anos não conhece, “To certo, ou to errado?”. Digo escolhem porque às vezes, ou muitas vezes, os errados são os seus aliados e é quase certo que nesse caso o jeitinho brasileiro de ser entrará em ação.
            Resposta: “sou imparcial”. Esse comportamento. Bem, esse comportamento. Hummm, esse comportamento. Você conhece alguém que seja naturalmente imparcial? Numa sociedade patriarcal? Patriarcalismo esse que a cada dia perde mais e mais espaço para o matriarcalismo. Terra habitada por um povo que se apaixona por tudo, sente amor, raiva, rancor, ciúmes, desejos, ódio, existe mesmo alguém que seja naturalmente imparcial? Duvido. Se existir são poucos e eu, por exemplo, ainda não tive a oportunidade de conhecê-los.
            Dizer que somos imparciais é similar a dizer que no Brasil não existe preconceito. Falo isso, pois da mesma maneira que pouco discutimos sobre nossos preconceitos, pouco discutimos sobre nossa parcialidade.
            Sinto muito dizer, na verdade, sinto nada, isso aos que juram “de pé juntos” que são imparciais, vocês não são. Aliás, nós somos, na realidade somos naturalmente parciais. Veja nossos ditados populares: “cada um por si e Deus por todos”, “cada um com os seus problemas”, “quem não chora, não mama”, “filho de peixe, peixinho é”, “pau que nasce torto, morre torto”.
            Aliás, voltando  falar sobre nossos preconceitos. Sabe por que somos preconceituosos? Porque somos parciais, pois alguém que acredita que as pessoas têm sua importância na sociedade conforme a cor da pele, sua classe social ou seu clero só pode ser parcial.
            A verdade é que seja para defender a natureza, economizar energia, defender o fraco e o oprimido ou afirmamos que nossos filhos são santos, somos parciais.
            Está na nossa natureza. Nós somos acostumados a lutar por melhores condições de vida, combater a criminalidade, enfrentar as dificuldades. Nós somos assim, patriarcais, matriarcais, passionais, competitivos. Portanto, parciais.
            Quando a situação exige que sejamos imparciais, temos que fazer um grande esforço. Temos que pensar o tempo todo “tenho que ser imparcial, tenho que ser imparcial”, caso contrário não conseguimos.
            Não há, pelo menos na maioria dos casos, alguém que seja só parcial ou somente imparcial.
            Por isso temos de nos policiar. Policiar é a palavra ideal, pois da a ideia de deixar fluir o que é correto e repreender o que é errado.
            Ser parcial ou imparcial, no meu ponto de vista, não é uma questão de certo ou errado. Existem momentos em que o certo é ser parcial e outros em que a melhor coisa a se fazer é ser imparcial.
            A medida para a escolha não deve ser o que nos agrada, mas sim o que é certo fazer. A ética deve ditar o que faremos no momento, se seremos parciais ou imparciais. É preciso que a ética seja o fiel da balança para que não corramos o risco de que nossa parcialidade ou imparcialidade sejam antiéticas.
            Todo aquele que é chamado a mediar um conflito deve a principio ser imparcial. Mas deve ter em mente que naturalmente não o é. Deve ir para a mediação dizendo “tenho que ser imparcial, tenho que ser imparcial”.
            Mediador que acha que tem solução para tudo, que um dos lados tem que sempre estar errado, que alguém sempre tem que vencer, não é bom mediador.
            Mediar é fazer com diz a palavra, fazer a média, ou seja, deve ficar o melhor possível para ambos os lados.
            Claro que como cada um dos lados deve ceder um pouco para ser possível tirar a média, provavelmente os dois acusarão o mediador de ter sido parcial. Mas não se preocupe pois, nesse caso, quando lados opostos fazem a mesma acusação e você foi ético, muito provavelmente é porque você foi imparcial.

Você pode usar os textos que se encontram nesse blog apenas observe o seguinte termo de Uso:

Ao disponibilizar gratuitamente no blog estes textos, tenho por objetivo auxiliar o povo de Deus na proclamação da Palavra.

Todas as informações e recursos aqui contidos podem ser usadas livremente por indivíduos, famílias, igrejas evangélicas e grupos de estudo bíblico, desde que rigorosamente observadas as seguintes condições aqui expressas:

1. É expressamente proibido tirar qualquer proveito financeiro ou de direito autoral a partir das informações e recursos aqui obtidos.

2. É expressamente proibido publicar por quaisquer meios quaisquer informações ou recursos aqui obtidos, na sua totalidade ou em partes, sem autorização contratual prévia por parte do pastor Marcelo Cianelli.

3. É necessário obter autorização do pastor Marcelo Cianelli para utilização das suas informações ou recursos em outros sites ou retransmissores de qualquer natureza, assim como criação de indexadores e referências a partir de outros sites.

4. O pastor Marcelo Cianelli não se responsabiliza por quaisquer danos ocorridos em decorrência do acesso ao site ou utilização dos serviços aqui disponibilizados.

5. A utilização dos textos e quaisquer outras informações ou recursos aqui disponibilizados é de inteira responsabilidade do usuário, cabendo a este ser diligente quanto à proteção das informações contidas em seus equipamentos através do uso de ferramentas anti-vírus, anti-invasores, firewall e outros recursos tecnológicos existentes com objetivo de prevenir, identificar e tratar os riscos à segurança potencialmente presentes durante a navegação na internet e download de informações pela rede.

6. Ao pastor Marcelo Cianelli é reservado o direito de alterar o conteúdo desse blog sem aviso prévio.